Sete dos oito deputados do Tocantins votam a favor do PL da Dosimetria, que pode reduzir pena de Bolsonaro
Em uma sessão marcada por tumulto, bate-bocas e interrupções no plenário, sete dos oito deputados federais do Tocantins votaram a favor do chamado PL da Dosimetria, aprovado na madrugada desta quarta-feira (10). O projeto muda as regras de cálculo das penas aplicadas a condenados por múltiplos crimes — alteração que, na prática, reduz o tempo de prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado pelo STF pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
O texto-base foi aprovado por 291 votos favoráveis, 148 contrários e uma abstenção, após uma das sessões mais tensas do ano na Câmara dos Deputados. A proposta passou com apoio majoritário das bancadas do PL, União Brasil, PP, MDB e Republicanos. Entre os representantes tocantinenses, apenas Ricardo Ayres (Republicanos) votou contra.
Como votou a bancada do Tocantins
- Alexandre Guimarães (MDB) – Sim
- Antonio Andrade (Republicanos) – Sim
- Carlos Gaguim (União Brasil) – Sim
- Eli Borges (PL) – Sim
- Filipe Martins (PL) – Sim
- Ricardo Ayres (Republicanos) – Não
- Tiago Dimas (Podemos) – Sim
- Vicentinho Júnior (PP) – Sim
O PL — partido de Bolsonaro — fechou questão com esmagadora maioria: 75 votos a favor e apenas 1 contra. Já a oposição, liderada por PT, PSOL, PDT e PSB, votou maciçamente contra a mudança.
Declaração de Flávio Bolsonaro impulsionou articulação
A discussão ganhou ainda mais força após o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) declarar que sua pré-candidatura à Presidência da República em 2026 “tinha um preço” — em referência direta ao avanço do projeto que beneficia o pai. A fala repercutiu nos bastidores e intensificou pressões internas dentro da base bolsonarista.
O que é o PL da Dosimetria e o que muda na prática
Relatado pelo deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), o PL altera a forma como são somadas as penas quando uma pessoa é condenada por vários crimes cometidos no mesmo contexto.
Como funciona hoje:
As penas são somadas integralmente, o que pode elevar substancialmente o tempo de prisão.
Como ficaria com o PL aprovado:
- Vale a pena do crime mais grave,
- Somada a uma fração entre 1/6 e 1/2,
- Eliminando a soma integral de todos os crimes.
Como a mudança impactaria Jair Bolsonaro
Bolsonaro foi condenado pelo STF a 27 anos e 3 meses, por cinco crimes, incluindo golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Com o novo modelo:
- A pena cairia para cerca de 3 anos e 4 meses em regime fechado;
- Com remição por estudo ou trabalho, poderia baixar para aproximadamente 2 anos e 4 meses;
- O texto ainda permite remição mesmo no regime domiciliar, ampliando os benefícios ao ex-presidente.
Próximos passos
O projeto ainda precisa ser analisado pelo Senado Federal. Caso avance, pode alterar profundamente a execução penal de condenados por crimes complexos — especialmente aqueles relacionados aos ataques antidemocráticos de 8 de janeiro.







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