O Governo do Tocantins anunciou, nesta sexta-feira (28), o Programa Jovem Qualificado, que substitui o antigo Jovem Trabalhador e marca uma reformulação completa na política estadual de inclusão produtiva para jovens em situação de vulnerabilidade. A nova versão aumenta vagas, amplia a bolsa, diversifica cursos e, pela primeira vez, estabelece metas de inserção no mercado formal, garantindo um modelo mais eficiente e transparente.

A reformulação ocorre após auditoria determinar indícios de irregularidades graves na execução do programa anterior, operado pela Renapsi. Entre as inconsistências levantadas estão 16.929 registros de frequência não comprovados, mas ainda assim pagos, gerando um possível prejuízo estimado em R$ 25,7 milhões entre junho de 2023 e setembro de 2025. Diante do relatório, o governador Laurez Moreira (PSD) decidiu encerrar o contrato.

Novo modelo garante controle rígido e foco em resultados

Com o encerramento do antigo convênio, o Estado redirecionou os recursos antes destinados a encargos trabalhistas e taxas administrativas, aumentando o benefício ao jovem sem elevar gastos públicos. O Jovem Qualificado nasce com controle rigoroso de presença, transparência na execução e parceria com entidades especializadas para garantir a correta aplicação dos recursos.

O governo afirma que o novo programa é mais sustentável, inclusivo e alinhado às demandas reais do mercado de trabalho, oferecendo formação profissional de qualidade e maiores chances de contratação após o estágio.

Aumenta o número de vagas e dobra o valor da bolsa

No novo formato, o atendimento sobe de 3 mil para 3.500 jovens entre 16 e 24 anos inscritos no CadÚnico.

Uma das mudanças mais significativas está no valor da bolsa: antes, o jovem recebia R$ 712,99 (R$ 659 líquidos). Agora, no modelo de estágio, a bolsa passa para R$ 1.200 líquidos, sem qualquer desconto.

Outra novidade é que, por ser estágio, o jovem não perde o Benefício de Prestação Continuada (BPC) — algo que acontecia no modelo antigo com carteira assinada. Isso amplia a participação de jovens em vulnerabilidade extrema.

Metas inéditas e qualificação ampliada pelo Sistema S

Pela primeira vez, o Tocantins estabelece a meta de inserir ao menos 30% dos participantes no mercado formal ao final do programa.

A qualificação profissional também evolui. Antes, os jovens tinham apenas o curso de auxiliar administrativo, com 252 horas anuais. Agora, o Sistema S assume a formação com 320 horas por ano e um catálogo ampliado de cursos alinhados às necessidades da economia local.

O Senai também participará com contrapartida financeira equivalente ao investimento do Estado — R$ 8 milhões apenas no primeiro contrato.

Mais de 30 áreas profissionais disponíveis

Enquanto o antigo programa era focado quase exclusivamente na área administrativa e em órgãos públicos, o Jovem Qualificado abre espaço para mais de 30 ocupações, entre elas:

• amostrador de minérios


• assistente contábil


• controlador e programador da produção


• eletricista de sistemas veiculares


• instalador e reparador de redes


• classificador de grãos


• operador de beneficiamento de minério

A mudança busca aproximar os jovens do setor produtivo e ampliar oportunidades tanto em empresas privadas quanto em organizações do terceiro setor e órgãos públicos.

Parceiras ampliadas e incentivo ao empreendedorismo local

Em articulação com o Sistema S e a Secretaria da Indústria, Comércio e Serviços (SICS), o governo fará chamamento público para que micro e pequenas empresas ofereçam vagas de estágio. A estratégia fortalece a participação do setor privado e estimula o desenvolvimento econômico local.

Com as mudanças, o Tocantins aposta em um modelo mais moderno, eficiente e transparente, que busca não apenas oferecer o primeiro emprego, mas garantir formação profissional sólida e caminhos reais para a inserção no mercado formal.