TOCANTINS INICIA CAMPANHA DEZEMBRO VERMELHO COM ALERTA PARA O CRESCIMENTO DE CASOS DE HIV E AIDS
A Secretaria da Saúde do Tocantins (SES-TO) iniciou, nesta segunda-feira (1º), a Campanha Dezembro Vermelho, mobilização nacional criada pela Lei Federal nº 13.504, que reforça a prevenção ao HIV, à Aids e às Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). A ação também visa ampliar o acesso à assistência, promover direitos e combater o estigma enfrentado por pessoas que vivem com HIV/Aids.
Dados do Informe Epidemiológico de HIV/Aids da SES-TO mostram que, entre janeiro e agosto de 2025, o Tocantins registrou 44 casos de Aids, 24 gestantes com HIV e 235 novos diagnósticos de HIV. Do total de novos registros, 68,9% são homens e 31,1% mulheres, com maior concentração entre jovens de 20 a 34 anos. As principais categorias de exposição notificadas foram pessoas que se identificam como heterossexuais (116 casos) e homossexuais (69 casos).
Prevenção e tratamento: foco na informação e no acesso
O HIV é um retrovírus que atinge o sistema imunológico e pode evoluir para Aids quando não tratado. A SES-TO reforça estratégias de prevenção como o uso de preservativos, esterilização adequada de materiais perfurocortantes, acesso à Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), Profilaxia Pós-Exposição (PEP) e realização de acompanhamento pré-natal para evitar a transmissão vertical — de mãe para bebê.
O estudante palmense M. R. F., que vive com HIV, destacou a importância de ações de conscientização. Ele conta que descobriu o diagnóstico em exames de rotina e passou por todo o tratamento pelo SUS.
“O início foi delicado, mas hoje faço acompanhamento regular e a carga viral está indetectável. A campanha é essencial porque ainda falta conscientização. Existe uma grande diferença entre ser portador do vírus e estar em estágio avançado da doença”, relatou.
Casos aumentam no estado e campanha mobiliza municípios
A enfermeira da Área Técnica de ISTs da SES-TO, Karine Marques, alerta que os números vêm crescendo nos últimos anos.
“Em 2020 tivemos 255 casos notificados e, em 2024, 411. Além da faixa de 20 a 34 anos, observamos aumento também entre pessoas acima de 65 anos”, explicou.
Durante o Dezembro Vermelho, a SES-TO orientou que os municípios intensifiquem ações como testagem rápida, distribuição de preservativos internos e externos, géis lubrificantes e atividades educativas. Atualmente, o tratamento especializado está disponível nos Serviços de Atenção Especializada (SAE) de Araguaína, Gurupi, Palmas, Paraíso e Porto Nacional.
Combate ao estigma: “ninguém deve ser deixado para trás”
Para o gerente de Doenças Transmissíveis, Francisco Teixeira Neto, o 1º de dezembro simboliza memória, prevenção e enfrentamento ao preconceito.
“É um dia para refletirmos sobre saúde, direitos humanos e acolhimento. A luta contra a Aids também é uma luta contra o estigma. Ninguém deve ser deixado para trás”, afirmou.
Ele reforça que o Tocantins dispõe de tecnologias eficazes de prevenção — como PrEP, PEP, testes rápidos e preservativos — e destaca a importância do acesso e da informação.
“Que possamos construir uma sociedade onde viver com HIV não signifique viver com medo”, completou.
Distribuição de insumos e apoio à rede municipal
A Gerência de Vigilância das Doenças Transmissíveis da SES-TO monitora os 139 municípios e atua na distribuição de insumos e medicamentos, além da capacitação de profissionais de saúde.
Entre janeiro e julho de 2025, o estado distribuiu:
2.037.099 antirretrovirais
31.922 testes de HIV
24.825 testes Duo Sífilis-HIV
25.450 testes de sífilis
1.901 fórmulas infantis para bebês de 0 a 6 meses
Entre janeiro e março, foram distribuídos ainda:
345.312 preservativos externos
171.000 géis lubrificantes
16.450 preservativos internos
Onde buscar atendimento no Tocantins
Em situações de risco — como relação sexual desprotegida ou compartilhamento de seringas — a orientação é procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS) para realização de testes.
O estado oferece:
Exames laboratoriais
Testes rápidos
Acesso à PEP (até 72h após a exposição)
Acesso à PrEP, indicada para prevenção contínua
As duas estratégias são consideradas eficazes e seguras para a redução das infecções pelo HIV.






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